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2 de Julho: A Verdadeira Independência do Brasil Foi na Bahia – E Teve as Mulheres Como Protagonistas

  • Foto do escritor: Família viajante
    Família viajante
  • 27 de jun.
  • 5 min de leitura

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O que você aprende na escola é que a Independência do Brasil aconteceu em 7 de setembro de 1822. Mas, na prática, a história foi muito além do “grito do Ipiranga”. A verdadeira liberdade só foi conquistada após intensas batalhas e muita resistência na Bahia, em um episódio coletivo de coragem popular que culminou em 2 de julho de 1823. E, acima de tudo, foi nessa guerra que as mulheres baianas romperam o silêncio e se tornaram as grandes heroínas da pátria.


O QUE FOI O 2 DE JULHO?

Após a proclamação da Independência, Portugal não aceitou perder seu mais rico território e concentrou tropas em Salvador, mantendo a Bahia sob domínio estrangeiro. O povo baiano, formado por brancos, negros, indígenas, escravizados, libertos, soldados, comerciantes, pescadores, padres, freiras e artesãos, se rebelou. Por meses, travaram verdadeiras batalhas de rua, trincheiras e sabotagem.

Foi só em 2 de julho de 1823, depois de quase um ano de lutas sangrentas, que as tropas brasileiras — impulsionadas por esse povo diverso e valente — expulsaram os portugueses de vez da Bahia. Só então a Independência do Brasil tornou-se real e efetiva.

Por isso, para muitos estudiosos, o 2 de Julho é a data da verdadeira Independência do Brasil: a que foi conquistada com luta popular, não apenas com palavras e acordos.


AS MULHERES DA INDEPENDÊNCIA: PROTAGONISTAS ESQUECIDAS


Caretas de Saubara, mulheres em luta pela Bahia
Caretas de Saubara, mulheres em luta pela Bahia

Máscaras de Saubara: As Guerreiras Invisíveis

Um dos grupos mais fascinantes desse período foi o das Máscaras de Saubara. Mulheres humildes do Recôncavo Baiano, especialmente de Saubara, que criaram uma tática revolucionária: cobriam o rosto com máscaras de pano e palha, e, à noite, circulavam entre os acampamentos militares, se relacionando com soldados brasileiros e portugueses. O objetivo era duplo:

Dar fôlego e descanso emocional e físico aos combatentes patriotas, renovando suas forças para a batalha.


Espionar e sabotar as tropas portuguesas, arrancando informações estratégicas, atrasando ataques e, em alguns casos, até desarmando ou distraindo os invasores.


O uso da máscara permitia anonimato absoluto, protegendo essas mulheres de represálias. Ao mesmo tempo, derrubava o preconceito e revelava o poder da sexualidade e da inteligência feminina como armas de guerra. Sem as Máscaras de Saubara, muitas batalhas teriam outro desfecho.



Retrato Realista de Maria Felipa se estivesse viva
Retrato Realista de Maria Felipa se estivesse viva

Maria Felipa de Oliveira: A Fúria Negra de Itaparica

Nascida livre na Ilha de Itaparica, Maria Felipa era mulher negra, forte e destemida.

Liderou cerca de 200 mulheres — em sua maioria negras, pescadoras e lavadeiras — armadas com galhos de cansanção, planta que causa queimaduras na pele.


Organizou emboscadas contra soldados portugueses e comandou ataques noturnos que resultaram no incêndio de diversas embarcações inimigas, fundamentais para o desmantelamento do cerco à ilha.


Além do combate físico, Maria Felipa articulava a resistência comunitária: cuidava dos feridos, acolhia fugitivos e espalhava coragem por onde passava.


Seu nome só foi reconhecido nacionalmente como heroína da pátria em 2018, mas há séculos é celebrado em Itaparica.



Maria Quitéria de Jesus: A Mulher que Virou Soldado


Maria Quitéria guerreou vestida de homem
Maria Quitéria guerreou vestida de homem

Filha de pequenos agricultores em Feira de Santana, Maria Quitéria rompeu com os costumes da época:

Fugiu de casa, cortou o cabelo, vestiu roupas masculinas e se alistou no Batalhão dos Periquitos, lutando lado a lado com os homens.


Participou das principais batalhas do Recôncavo e de Salvador, destacando-se pela pontaria, coragem e liderança.


Foi promovida a alferes (primeira oficial mulher do exército brasileiro) e recebeu a Ordem Imperial do Cruzeiro das mãos de Dom Pedro I.


Sua trajetória abriu caminho para a participação feminina nas Forças Armadas e desafia até hoje os padrões de gênero.




Joana Angélica: O Martírio que Virou Símbolo


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Freira e abadessa do Convento da Lapa, em Salvador, Joana Angélica foi morta de forma brutal por soldados portugueses em fevereiro de 1822, ao tentar impedir a invasão do convento:

Ela se colocou na porta e declarou: “Para trás! Aqui só passarão por cima do meu cadáver!”


Cumpriu a promessa, sendo assassinada a golpes de baioneta diante das irmãs e das internas do convento.


Seu sacrifício virou símbolo de resistência espiritual e inspirou ainda mais o povo a não desistir da luta.


Outras Mulheres Anônimas

Além das celebradas, milhares de mulheres — negras, indígenas, escravizadas e libertas — participaram como cozinheiras, curandeiras, enfermeiras, espiãs, mensageiras, artesãs de uniformes, transportando munição, sabotando linhas inimigas e, quando necessário, pegando em armas. Muitas lutaram e morreram sem ter seus nomes registrados, mas foram essenciais para a vitória.



OUTROS HERÓIS DO 2 DE JULHO

O movimento de 2 de Julho foi coletivo, contando também com figuras históricas de peso:


Cipriano Barata: Jornalista, médico e ativista, articulador político fundamental da resistência baiana, organizando redes de informação e apoio.


Pedro Labatut: General francês contratado para comandar o exército patriota, responsável pela estratégia militar que cercou e derrotou os portugueses em Salvador.


Antônio Rebouças: Engenheiro negro, projetou fortificações e obras logísticas vitais para o avanço das tropas baianas.


Bento Gonçalves: Jovem militar baiano que mais tarde lideraria a Revolução Farroupilha, foi figura de destaque na luta pela independência.


Além deles, milhares de combatentes anônimos, incluindo indígenas, negros, brancos pobres, libertos e escravizados, deram suor, sangue e vida pela liberdade.



COMO FOI A CONQUISTA DO 2 DE JULHO?


Luta pela Independência da Bahia, 2 de Julho
Luta pela Independência da Bahia, 2 de Julho

As batalhas foram marcadas por guerrilhas urbanas, sabotagem de provisões e destruição de navios, além de duelos nas ruas, praças e conventos de Salvador. O cerco final durou semanas, com fome, doenças e esgotamento de ambos os lados. A vitória, no entanto, veio com a união popular e a coragem dos baianos de todas as origens. Quando as tropas portuguesas finalmente deixaram Salvador, a população saiu às ruas para celebrar a conquista que, enfim, libertava o Brasil inteiro.


O LEGADO DO 2 DE JULHO

Até hoje, o 2 de Julho é comemorado com cortejos cívicos em Salvador e no interior, com a passagem dos caboclos e caboclas, personagens que representam o povo miscigenado — indígena, negro e branco — verdadeiro herói da independência. É dia de celebrar a força da coletividade e de reconhecer, finalmente, o papel das mulheres como protagonistas de nossa história.



POR QUE O 2 DE JULHO É A VERDADEIRA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL?

Porque foi quando o povo pegou em armas e expulsou, com sangue e coragem, o domínio estrangeiro.

Porque aqui a liberdade foi construída por todos: homens e mulheres, negros e brancos, livres e escravizados, religiosos e laicos.

Porque só assim a independência deixou de ser promessa e virou fato.

E porque sem as mulheres da Bahia — das Máscaras de Saubara a Maria Felipa, de Maria Quitéria a Joana Angélica, e de todas as anônimas — o Brasil talvez nunca tivesse se tornado livre de verdade.

Viva o 2 de Julho! Viva a Bahia! Viva as mulheres do Brasil!

 
 
 

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