Geralmente, no dia 25 de novembro homenageamos as baianas dos acarajés, porém vamos quebrar a tradição e hoje, em pleno período junino, falaremos sobre a personagem e o reconhecimento da Jaque, cujo verdadeiro nome é Bárbara Jaqueline Bonfim. Conheça a história dessa talentosa empreendedora que transformou sua paixão culinária em um negócio de sucesso.
Em meio ao destaque de vendas turísticas de Porto Seguro devido ao período de férias de julho, uma das principais buscas de quem vem à Bahia, além da praia, é o delicioso e autêntico acarajé. Na Terra Mãe do Brasil, surge um consenso irresistível: a barraca e o restaurante da Jaque, localizados no centro de Porto Seguro e em Coroa Vermelha, respectivamente, são os melhores lugares para saborear o autêntico bolinho baiano de feijão fradinho recheado com vatapá, caruru, salada e camarão.
A Herança de Família e a Paixão pelo Acarajé: Jaque, nascida em Itapoã, na cidade de Salvador, começou a aprender a bater a massa do bolinho de feijão aos 11 anos de idade, observando seus avós cozinharem. Acompanhando a mãe diariamente na barraca da família, ela se mudou para Porto Seguro aos 17 anos. Inicialmente, Jaque tinha outros planos em mente, como aproveitar a vida, mas a paixão pelo acarajé falou mais alto. Ela voltou a trabalhar com a mãe na região de Coroa Vermelha antes de se instalar no centro da cidade.
A barraca da Jaque é um ponto de encontro para clientes fiéis e turistas, que são recebidos com bom humor e simpatia. Jaque trabalha incansavelmente para oferecer um acarajé delicioso, utilizando óleo de dendê fresco todos os dias e mantendo a qualidade do preparo. Além disso, ela também produz o abará, uma versão cozida em folha de banana da prata que é um verdadeiro deleite. Com um sorriso largo, Jaque se orgulha de seu filho, Julio Henrique, que deixou seu emprego para ajudá-la a bater a massa e atender os clientes.
Após quase 50 anos no ramo, Jaque revela que enfrentou desafios para manter sua barraca na Avenida dos Navegantes, número 159. Enquanto ela conseguiu permanecer em seu local de trabalho devido à sua reputação, outras baianas não tiveram a mesma sorte e foram expulsas por empresários de restaurantes. No entanto, Jaque acredita que esses tempos de perseguição ficaram para trás. Ela também destaca a importância das raízes religiosas do acarajé, uma tradição que remonta à chegada dos escravos na Costa do Descobrimento no século XVI.
Delícias Tradicionais: O acarajé e o abará são os principais produtos do tabuleiro das baianas, reconhecidas como Patrimônio Imaterial da Bahia. O acarajé é o bolinho frito feito com massa de feijão fradinho e recheado com vatapá, caruru, salada e camarão. Já o abará é cozido em banho-maria na folha de banana prata e acompanha os mesmos recheios. Jaque se orgulha de preparar essas delícias com autenticidade e sabor, utilizando ingredientes de qualidade, como farinha, dendê, gengibre, camarão seco e amendoim.
Além do acarajé e do abará, a barraca da Jaque oferece uma variedade de iguarias baianas irresistíveis. Entre elas estão as cocadas, doces típicos da Bahia, preparados com maestria por Jaque. Seus clientes também podem desfrutar do curioso "Bolinho de Estudantes", conhecido como "punheta". Trata-se de um bolo doce tradicional de tapioca recheado com coco, que desperta curiosidade e sorrisos entre os visitantes, pois recebe este nome por ser feito com o “punhado da mão” para fazer o formato cilíndrico.
A qualidade dos quitutes de Jaque é inquestionável, e isso é refletido no reconhecimento que ela recebe. A barraca da Jaque figura constantemente entre os melhores restaurantes de Porto Seguro, segundo o ranking do Trip Advisor. Esse destaque é uma prova do sabor autêntico e da paixão que Jaque coloca em cada prato que serve. Seus clientes são fiéis e vêm de diferentes partes do Brasil para desfrutar das delícias oferecidas em sua barraca. A Contribuição de Jaque para a Cultura Local: Além de ser uma empreendedora culinária de sucesso, Jaque também é reconhecida por suas contribuições culturais. Ela promove a tradição do acarajé e do abará, mantendo vivas as raízes religiosas desses quitutes baianos. Além disso, Jaque é responsável pela organização da festa anual de São Cosme e Damião, um evento que celebra a cultura afro-brasileira e a religiosidade popular.
A história da barraca da Jaque também inclui uma ligação especial com o já falecido Antônio Carlos Magalhães, ex-senador e ex-governador da Bahia. Encantado pelos sabores autênticos e pela simpatia de Jaque, Magalhães doou e construiu a estrutura da barraca em Cabrália, no centro de Coroa Vermelha. Esse gesto generoso permitiu que Jaque expandisse seus negócios para essa região e conquistasse um público ainda maior. Jaque atende os clientes presencialmente na primeira esquina da Avenida Navegantes, em Porto Seguro, de segunda a sexta-feira. Nos finais de semana, ela recebe os visitantes em seu restaurante em Coroa Vermelha, que funciona de domingo a domingo administrado por seu filho e nora. Essa dedicação em estar disponível para seus clientes demonstra o compromisso de Jaque em proporcionar uma experiência gastronômica única e saborosa.
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